"Riachão do Jacuipe: retrato de uma cidade"; por Helvécio Mascarenhas
A cidade de Riachão do Jacuipe, na região sisaleira da Bahia, completou 83 anos de história no último domingo (14). Para reverenciar a data, apresentamos abaixo fragmentos de um belo e nostálgico poema de um dos seus filhos.
Riachão do Jacuipe: retrato de uma cidade
Saudades do Riachão:
Tia Donana Mascarenhas,
Vovó Quinha e outras tias,
(...)
E seu Fulô me contou
sobre Luis Carlos Prestes
e a chegada do Coluna
nas terras do Riachão,
chamados de revoltosos,
eles passaram por lá.
Foi a História do Brasil
Que vasculhou o sertão.
A Ação Integralista
com Tio Neco e seus discursos,
camisas verdes na praça
e o sigma no braço,
desfilando entre anuês,
longe o Chefe envaidecido
lá do Rio incentivando:
“Por Cristo e pela Nação!!”.
...assim foi o Riachão
dos cigarros Trocadero,
Iolanda, Branco e Azul,
Olinda e Arromba Peito,
feito de palha de milho,
e o velho fumo de corda
que é presente de Saci.
As festas de São João
e as velhas guerras de espada,
lindas festas dos vaqueiros,
prefeitura iluminada
com rainha missa e tudo
e a cidade emocionada.
Joel e Olney São Paulo,
meus amigos de infância,
aprendendo acrobacias
nos circos que lá chegavam,
vendo os artistas mirins,
o Armando e o Bolinha,
filhos dos palhaços
Pelanca e Parafuso...
Que linda infância a minha!
(...)
Os meus sonhos de garoto
Que deixei no Riachão:
Fazenda Barra do Vento
junto ao Tanque dos Velhacos,
onde namorei Maria,
a Maria de Sinhô;
e a Fazenda do Angico,
onde eu brincava com as emas;
a Fazenda São João
com os seus ternos e reisados,
Vitrolas, discos antigos,
serenatas e saraus,
travessuras com Felícia
para vovó não saber
e nem Zezito contar,
ligar o rádio escondido
e dizer que foi Dió,
destravar o catavento,
ver Mensageiro da Fé
a as risadas de vovô.
Se aquele tempo voltasse...
Capitão Pedro Barreto,
Micaremes e cordões,
minha madrinha Sinhá,
filha de Iazinha,
também de lá se afastou.
Onde estão todos agora?
Dá vontade de chorar...
Se alguma coisa está errada,
culpem Sinhá Julinda