"Riachão do Jacuipe: retrato de uma cidade"; por Helvécio Mascarenhas

17-08-2011 22:56

 

 
image Poeta retrata a infância e as histórias de sua cidade natal

A cidade de Riachão do Jacuipe, na região sisaleira da Bahia, completou 83 anos de história no último domingo (14). Para reverenciar a data, apresentamos abaixo fragmentos de um belo e nostálgico poema de um dos seus filhos.

Riachão do Jacuipe: retrato de uma cidade

 

Saudades do Riachão:

Tia Donana Mascarenhas,

Vovó Quinha e outras tias,

(...)

 

E seu Fulô me contou

sobre Luis Carlos Prestes

e a chegada do Coluna

nas terras do Riachão,

chamados de revoltosos,

eles passaram por lá.

Foi a História do Brasil

Que vasculhou o sertão.

 

A Ação Integralista

com Tio Neco e seus discursos,

camisas verdes na praça

e o sigma no braço,

desfilando entre anuês,

longe o Chefe envaidecido

lá do Rio incentivando:

“Por Cristo e pela Nação!!”.

...assim foi o Riachão

dos cigarros Trocadero,

Iolanda, Branco e Azul,

Olinda e Arromba Peito,

feito de palha de milho,

e o velho fumo de corda

que é presente de Saci.

 

As festas de São João

e as velhas guerras de espada,

lindas festas dos vaqueiros,

prefeitura iluminada

com rainha missa e tudo

e a cidade emocionada.

Joel e Olney São Paulo,

meus amigos de infância,

aprendendo acrobacias

nos circos que lá chegavam,

vendo os artistas mirins,

o Armando e o Bolinha,

filhos dos palhaços

Pelanca e Parafuso...

Que linda infância a minha!

 

(...)

 

Os meus sonhos de garoto

Que deixei no Riachão:

Fazenda Barra do Vento

junto ao Tanque dos Velhacos,

onde namorei Maria,

a  Maria de Sinhô;

e a Fazenda do Angico,

onde eu brincava com as emas;

a Fazenda São João

com os seus ternos e reisados,

Vitrolas, discos antigos,

serenatas e saraus,

travessuras com Felícia

para vovó não saber

e nem Zezito contar,

ligar o rádio escondido

e dizer que foi Dió,

destravar o catavento,

ver Mensageiro da Fé

a as risadas de vovô.

 

Se aquele tempo voltasse...

Capitão Pedro Barreto,

Micaremes e cordões,

minha madrinha Sinhá,

filha de Iazinha,

também de lá se afastou.

Onde estão todos agora?

Dá vontade de chorar...

Se alguma coisa está errada,

culpem Sinhá Julinda