O dia 7 de setembro, data em que o Brasil se tornou independente de Portugal no ano de 1822, é, sem dúvida, um dos momentos mais importantes e gloriosos do País. Por isso, deve ser comemorado não apenas como uma festa mas, sobretudo, como um evento para  reflexão sobre os rumos que a nação vem trilhando em sua história desde de 1500, data oficial de seu descobrimento.

 

Muito se avançou até o presente momento, sobretudo depois do ato de independência liderado por D. Pedro. Na monarquia, o regime de escravidão que oprimia os negros oficialmente não mais existe desde 1888, depois de muitas lutas e sacrifício desta etnia. No ano seguinte, em 1889, instalou-se a primeira República. Em 1930, aconteceu uma revolução constitucionalistas que baniu os restos da Velha República.

Do final dos anos 1930 até 1950, inclusive durante o período chamado de Estado Novo, com viés autoritário, assentou-se as bases do desenvolvimento nacional com a criação de universidades como a USP, em São Paulo, e a Petrobras, empresas siderúrgicas e a construção de Brasília, entre os governos de Getúlio Vargas a Juscelino Kubitschek. Já de 1964 a 1985, período do regime militar, o País conviveu com o retrocesso político – perseguições e torturas aos opositores - e a interrupção de sua política nacional, resultando em uma maior dependência dos países estrangeiros, simbolizada no aumento da dívida externa, tendo como credor principal os Estados Unidos. 1986 foi o início da Nova República, no qual o vice-presidente José Sarney, um civil, sucedeu a Tancredo Neves, o titular que morreu ainda no período da transição.

Depois dos insucessos do governo anterior, Fernando Collor (PRN), disputando com Luís Inácio “Lula” da Silva (PT), se tornou o 32º presidente da República em 1990, com um discurso de moralização do País, com o combate à corrupção e aos “marajás”, ou seja, os que supostamente ganhavam altos salários do serviço público. Como tomou algumas medidas antipáticas – intervenção na caderneta de poupança e outras na área econômicas – e favorecimentos políticos (o Caso PC Farias – empresário que fora assassinado após ter criado uma rede de corrupção no governo), Collor perdeu apoio político e o cargo através de um processo de “impeachment”. Seu vice, Itamar Franco, conclui a gestão até 1994.

Nesse mesmo ano, aconteceu a eleição presidencial, no qual se sagrou vencedor o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao derrotar o candidato Lula, aproveitando-se, principalmente, da estabilidade econômica gerada pelo Plano Real, criado no governo Itamar. Fernando Henrique, que teve participação no governo anterior na condição de Ministro da Fazenda, ficou no poder durante dois mandatos, até 2002, sempre enfrentado Lula como principal candidato da oposição. Uma de suas marcas principais foi a privatização de várias empresas, como a CSN e Vale do Rio Doce.

Já em 2002, depois de três derrotas eleitorais como candidato a presidente, Lula vence seu primeiro pleito presidencial, derrotando justamente um candidato do PSDB, José Serra, apoiado por Fernando Henrique, também conhecido por FHC. O êxito no campo social, na política econômica e externa, apesar das crises políticas, fizeram com que Lula fosse reeleito, também superando em segundo turno o candidato do PSDB Geraldo Alckmin, ex-governador do estado de São Paulo.

Nesse 7 de setembro de 2009, o Brasil vive um momento de grande prestígio no cenário internacional em decorrência da política externa liderada pelo presidente Lula. O Brasil é o líder econômico e político da América do Sul. Está com força nos blocos econômicos mundiais, inclusive é um dos líderes dos países emergentes (Brasil, Rússia, Índia e China), também conhecido como Brics. Com sua política autônoma, o Brasil foi um dos poucos do mundo a enfrentar com êxito a atual crise econômica mundial, que estourou nos Estados Unidos e se espalhou por outras nações. O grande tema em debate interno no momento, que pode fortalecer ainda mais o Brasil no contexto internacional, é a descoberta das novas reservas de petróleo no território brasileiro, também conhecida como Pré-Sal. O País pode se transformar no oitavo produtor mundial de petróleo, consolidando, assim, sua independência econômica e liderança.

Novamente, o debate estratégico sobre o desenvolvimento e autonomia do Brasil está na ordem do dia, sobretudo porque haverá eleição presidencial no próximo ano, agora num ambiente democrático.

- Por Gidasio S. Silva